segunda-feira, 2 de abril de 2012

O predecessor de Marco Polo


Marco Polo, apesar de sua fama, não foi o primeiro europeu a ser recebido na corte do imperador mongol, que dominava a maior parte da Ásia no século XIII. O pioneiro foi um monge franciscano natural de Rubruck, Flandres, chamado Guilherme de Rubruck. O religioso foi também o primeiro a descrever detalhadamente sua viagem ao maior império do Oriente.

Guilherme de Rubruck ou Guillaume de Rubrouck (c. 1220 - c. 1293), monge missionário e explorador, é autor de um relato importante sobre suas viagens pela Ásia, obra de destaque na literatura geográfica medieval. Em 1248 acompanhou o rei Luís IX da França na Sétima Cruzada.

Em sete de maio de 1253, sob ordens de Luís, partiu de Constantinopla numa viagem missionária para converter os tártaros (veja mapa abaixo), seguindo a rota de uma viagem anterior do missionário húngaro frei Juliano. No grupo de Guilherme estava Bartolomeo da Cremona, um criado chamado Gosset, um intérprete chamado de Homo Dei ("homem de Deus", em latim, tradução literal do árabe Abdullah).


Depois de alcançar a cidade de Sudak, na Criméia, Guilherme continuou sua jornada em carros de boi. Após cruzar o rio Don, encontrou-se com Sartaq Kahn, soberano de Kiptchak. O Kahn enviou Guilherme a seu pai, Batu Kahn, em Sarai, próximo ao Volga. Cinco semanas mais tarde, depois de sua partida de Sudak, chegou ao acampamento de Batu Kahn, soberano mongol da região do Volga, que se recusou a ser convertido, porém enviou seus embaixadores ao grande Mangu Kahn mongol.

Partiu a cavalo, juntamente com seus companheiros, em 16 de setembro de 1253, numa viagem de 9.000 quilômetros até a corte do Grande Kahn, em Caracórum. Ao chegar foi recebido com honras, e ficou no acampamento do Kahn até 10 de julho de 1254, quando iniciou sua longa viagem de volta. Guilherme e seus companheiros chegaram ao Estado Cruzado de Trípoli em 15 de agosto de 1255.

Guilherme de Rubruck integrou a quarta missão européia aos mongóis; antes dele Giovanni da Pian del Carpine e Ascelino da Lombardia, em 1245, e André de Longjumeau, em 1249, haviam sido enviados. O rei foi encorajado a enviar outra missão depois de relatos da presença de cristãos nestorianos na corte mongol.

Ao retornar, presenteou o rei com um relato muito claro e preciso intitulado Itinerarium fratris Willielmi de Rubruquis de ordine fratrum Minorum, Galli, Anno gratia 1253 ad partes Orientales. Nele descreveu as peculiaridades da Mongólia, fez várias observações geográficas, o que faz da obra a primeira descrição científica da Ásia Central, além de observações antropológicas, como ao manifestar surpresa com a presença do islamismo na Ásia Interior.

Guilherme também respondeu a uma questão antiga para os europeus da época, ao passar pelo norte do mar Cáspio e provar que ele era um mar interno, e não desaguava no oceano Ártico (embora os primeiros exploradores escandinavos já o possam ter descoberto, ele foi o primeiro a relatar o fato).

A obra de Guilherme está dividida em 40 capítulos; os dez primeiros relatam observações gerais sobre os mongóis e seus costumes. Os capítulos de 11 a 40 apresentam um relato do percurso e dos eventos da viagem. William de Rubruck, bom observador e escritor, costumava fazer muitas perguntas durante sua viagem, e não tomava folclore e fábulas como verdades; seu relatório é uma das grandes obras-primas da literatura geográfica medieval, comparável à de Marco Polo - embora sejam significantemente diferentes.

A um certo ponto de sua estada entre os mongóis, Guilherme entrou numa célebre competição realizada na corte mongol, onde o cã encorajou um debate formal entre cristãos, budistas e muçulmanos, para determinar qual fé estaria correta, de acordo com três juízes, um de cada fé. O debate atraiu uma grande multidão e, como na maior parte dos eventos mongóis, envolvia grande quantidade de álcool.

Como foi descrito por Jack Weatherford em seu livro Genghis Khan and the Making of the Modern World: “Nenhum dos lados parecia convencer o outro de nada. Finalmente, à medida que os efeitos do álcool tornaram-se mais fortes, os cristãos desistiram de tentar convencer qualquer um com argumentos lógicos, e passaram a cantar.

Os muçulmanos, que não cantavam, responderam recitando em voz alta o Corão, tentando abafar o som dos cristãos, enquanto os budistas entraram em meditação silenciosa. Ao fim do debate, incapazes de converter ou matar-se uns aos outros, concluíram da maneira em que a maior parte era concluída, com todo mundo simplesmente bêbado demais para prosseguir”.

Fontes:  Wikipedia; História Viva.

A armada do Dragão


No outono de 2001, em um pequeno antiquário da cidade de Xangai, estava pendurado na parede, entre outras relíquias, um velho mapa-múndi (figura ao lado) acumulado de poeira. Os olhos atentos de Liu Gang, um dos mais respeitados advogados corporativos da China e colecionador de antiguidades nas horas vagas, examinando o achado, logo notou algo estranho.

O mapa estava coberto de anotações em caracteres chineses e uma delas continha a data em que foi desenhado - 1763. Mais abaixo, lia-se: "O cartógrafo Mo Yi Tong copiou este mapa a partir de um original de 1418". A informação era um contra-senso - pelo menos no que dizia respeito à história que se aprende nas lições escolares. Porque o mapa mostrava, com riqueza de detalhes, as Américas e a Austrália. Ou seja, todo o "Novo Mundo", supostamente descoberto por exploradores europeus a partir de 1492, na aventura de conquista que ficou conhecida como Era dos Descobrimentos.

Liu Gang pagou US$ 500, uma pechincha no mercado de antiguidades chinesas, e levou o mapa para casa. Durante os 3 anos seguintes, ficou se perguntando se o documento não seria uma farsa. Até que um dia leu o livro 1421 - O Ano em Que a China Descobriu o Mundo, do ex-oficial da Marinha britânica e historiador diletante, Gavin Menzies (escrita em 2002, a obra também foi lançada no Brasil).

Embora nunca tivesse ouvido falar do mapa de Liu Gang, Menzies defendia uma tese que lhe caía como uma luva. A partir de uma pesquisa feita ao longo de 14 anos em diversas partes domundo, o ex-marinheiro concluiu que aquilo que os historiadores ocidentais diziam há centenas de anos estava errado: foram os chineses os primeiros exploradores a alcançar o Novo Mundo - e isso quando Cristóvão Colombo nem era nascido.

Revelado à comunidade científica em janeiro de 2006, o mapa do honorável Liu Gang incendiou manchetes e controvérsias ao redor do mundo. Para alguns, não passava de farsa; para outros, era mais uma entre muitas chibatadas no velho mito dos descobrimentos europeus.

A armada fantástica

No início do século 15, a China era, de longe, a nação mais avançada da Terra: seus exércitos já empunhavam armas de fogo quando ingleses, portugueses e espanhóis ainda se espetavam com lanças e flechas. E o maior contraste entre o avanço da China e o atraso europeu estava na engenharia naval.

Xilogravura chinesa do séc. XVII, que se crê representar a frota de Zheng He.
Por volta de 1400, Zhong Di, o imperador que levou a dinastia Ming ao seu auge econômico, construiu uma frota de 300 ba chuan ou "navios de tesouro" - monstros náuticos com 150 metros de comprimento. Relatos da época dizem que, ao serem lançados ao mar, os navios colossais pareciam uma cidade flutuante. Eram, sem dúvida, as maiores e mais mortíferas embarcações já feitas pelo homem até então.

A armada fantástica fez várias viagens pelo oceano Índico, entre 1400 e 1430. A mais famosa partiu de Nanquim no dia 3 de março de 1421, sob o comando do bravo almirante Zheng He, chinês de família muçulmana e eunuco. Os relatos oficiais dizem que o capitão eunuco navegou pela costa da África e deu meia volta nas proximidades da Tanzânia, no leste do continente. Isso não é pouco: o percurso, de 16 mil quilômetros, é praticamente o dobro da distância entre Brasil e Portugal.

Mas, desde 2002, quando lançou o livro 1421..., Gavin Menzies vem divulgando a teoria de que a armada de Zheng He seguiu adiante e contornou o Cabo da Boa Esperança, 60 anos antes que Bartolomeu Dias fizesse o mesmo no sentido contrário. Dali, os chineses teriam se lançado à descoberta do Novo Mundo. Contornar o cabo não seria um desafio tão grande para o ba chuan. A travessia ali é muito mais uma questão de força do que de jeito - não bastava ser um grande navegador, mas era preciso ter uma embarcação capaz de suportar a força dos ventos e das ondas nas "tormentas".

A partir dali, a jornada seria facilitada graças à corrente de Bengala, que sobe pela costa da África, começando no Cabo da Boa Esperança. "O navegante que chegasse ao cabo, vindo do leste, seria levado pela corrente para o norte por 4 800 quilômetros", escreve Menzies. Nessa altura, o navio pegaria carona em outra corrente marítima - a Sul-Equatorial, que faz uma curva para o oeste e desemboca exatamente no norte do Brasil.

Menzies calculou que a armada chinesa tenha passado pelo litoral do Maranhão ou de Pernambuco em setembro de 1421. Não há como saber se houve desembarque, mas Menzies apostou que os chineses toparam com os índios brasileiros e inclusive ficaram bem íntimos das índias: pesquisas feitas por geneticistas americanos no ano 2000 encontraram semelhannças entre genes chineses e de tribos do Mato Grosso do Sul.

Além disso, sabe-se que tribos da Bacia Amazônica sofrem de uma doença chamada chimbere, que causa marcas concêntricas na pele, parecidas com tatuagens. A doença só ataca pessoas com predisposição genética, é passada de pai para filho, e o único lugar onde a situação se repete é o leste da Ásia - lá, a enfermidade se chama tokelau. "O chimbere sul-americano e o tokelau asiático são provas de que houve contato entre as regiões antes da chegada dos europeus", escreveu o geógrafo francês Max Sorre em A Luta Contra o Meio, ensaio científico publicado em 1967 - bem antes de Menzies começar suas pesquisas. Depois de espalhar seus genes pelo Brasil, os chineses teriam entrado no Pacífico pelo sul da Argentina. Dali, foi só fazer a volta ao mundo. E ainda, bem no finzinho da viagem, Menzies acreditou que eles desembarcaram na Austrália.

Em 1965, exploradores desenterraram um enorme leme de navio, com cerca de 12 metros da altura, no estado australiano de Nova Gales do Sul. "Somente um ba chuan teria um leme tão grande", escreveu Menzies, que também apostou no encontro entre os descobridores chineses e os nativos da Oceania. Tanto os aborígenes da Austrália quanto os maoris, povo que vive na Nova Zelândia, contam lendas sobre um grupo de navegantes, "vestidos em longas túnicas", que teria desembarcado em suas terras antes dos europeus (por sinal, há relatos chineses sugerindo que a Austrália já tinha sido descoberta até antes de 1421).

Mas, se tudo isso aconteceu, então por que Brasil e Austrália não falam mandarim e por que não comemos nossos pratos com a ajuda de pauzinhos? A resposta está no amargo regresso de Zheng He à China em 1423. Zhong Di, patrono das navegações, fora derrubado por uma rebelião - e o novo soberano decidiu que conquistar o mundo estava onerando os cofres imperiais.

A marinha chinesa foi praticamente desativada e a maior parte dos documentos relativos à viagem de Zheng He foram queimados pelos censores do novo imperador, que queria desestimular extravagâncias futuras apagando os vestígios das passadas. A China desistiu de conhecer o mundo e decidiu se voltar para dentro, transformando a figura de Zheng He num tabu nacional, representante das tendências expansionistas e contrárias à idéia confuciana de que a China tinha de ficar fechada à influência dos "bárbaros".

Abandonadas ao léu, as colônias chinesas no Novo Mundo definharam, e sua memória se perdeu. Pelo menos até agora.

Fontes: Os descobridores do Novo Mundo - Passeiweb; Revista Superinteressante; Wikipedia.

Quem descobriu o Brasil?

Pedro Álvares Cabral
A verdade seja dita: o nosso ilustre descobridor, o fidalgo Pedro Álvares Cabral, até 1500, nunca tinha pilotado um navio (os detalhes técnicos da viagem ficaram por conta de seus subordinados). Também há indícios de que não fosse um sujeito dos mais brilhantes. E hoje, quase ninguém acredita que ele tenha sido o primeiro navegador a chegar ao Brasil - e muito menos que ele o tenha feito "por acaso".

O maior concorrente de Cabral ao título de descobridor foi um personagem digno de romances de aventura: o também português Duarte Pacheco Pereira.

Ele ficou famoso exercendo uma das profissões mais requisitadas da época, a de cosmógrafo, mistura de geógrafo, matemático e marujo - desenvolveu cálculos que lhe permitiam localizar melhor do que ninguém a posição de longitude da embarcação. Era também um guerreiro famoso pela valentia no campo de batalha, como na ocasião em que derrotou exércitos na Índia comandando um punhado de guerreiros. Celebridade lusa, foi transformado em personagem de Os Lusíadas.

Em 1498, o rei dom Manuel encarregou esse marinheiro multifunção de uma missão ultraconfidencial: descobrir se as terras encontradas por Colombo do outro lado do Atlântico faziam mesmo parte da Ásia. Pacheco deveria navegar até a linha de Tordesilhas, fronteira diplomática traçada por portugueses e espanhóis para dividir as terras recém-descobertas - ou ainda por descobrir.

Durante séculos, ninguém soube por onde andou Pacheco. Até que, em 1882, foi publicado em Portugal o Esmeraldo de Situ Orbis, ou Tratado dos Novos Lugares da Terra, obra assinada pelo próprio Pacheco mas desconhecida até então. "No ano de Nosso Senhor de 1498, Vossa Alteza nos mandou descobrir a parte ocidental, passando a grandeza do Mar Oceano, onde é achada e navegada uma vasta terra firme, grandemente povoada", relata o navegante, que diz ter avistado nas praias desconhecidas uma multidão de "gente parda, mas quase branca".

"Mar Oceano" era outro nome para o Atlântico e a descrição dos nativos bate com a tribo dos aruaques, que tinham pele parda, mas bem mais clara que a de povos considerados "escuros" pelos europeus na época, como africanos, indianos - mesmo entre os indígenas brasileiros, os aruaques são considerados os que têm a pele mais próxima do branco. Pesquisas arqueológicas feitas nos anos 90 revelaram que a tribo era muito numerosa no século 15, o que explicaria também a menção a "terras grandemente povoadas". Outro detalhe: os aruaques povoavam o litoral do Maranhão, por onde passava o traço invisível do Tratado de Tordesilhas.

A tese de que Pacheco esteve no Brasil em 1498 foi defendida pelo português Jorge Couto em A Construção do Brasil, de 1995 - na época, muitos historiadores reclamaram que a teoria estava baseada em um punhado de frases ambíguas. Ainda hoje, não há 100% de certeza quanto às andanças. "É plausível que Pacheco tenha estado no Brasil antes de Cabral e que a Coroa Portuguesa tenha preferido manter o achado em segredo", diz Leandro Karnal, especialista em História da América Latina, da USP. "Os reis de Portugal mantinham em grande sigilo as navegações. Divulgar rotas marítimas era crime punido com pena de morte".

Outro aventureiro famoso que pode ter lançado âncoras em nossas praias antes de Cabral foi o geógrafo e marujo italiano Américo Vespúcio, que entrou para a história ao desmentir as teorias de seu conterrâneo Colombo. Em 1504, Vespúcio publicou um texto chamado Novus Mundus, garantindo que as terras no oeste do Atlântico não eram parte da Ásia, mas um continente completamente desconhecido - "um novo mundo", como diz o título em latim.

Você já deve ter notado que a região foi batizada como América - e não, digamos, Colômbia - em homenagem a Vespúcio, o verdadeiro descobridor do Novo Mundo para seus contemporâneos. Já Colombo jurou até o fim da vida que havia chegado à China ou à Índia - a teimosia arruinou sua carreira e ele morreu pobre, esquecido e amargurado.

O que pouca gente sabe é que o rival de Colombo pode ter desembarcado no Brasil em 1499. Pelo menos, é o que Vespúcio dá a entender em uma de suas cartas - cujo conteúdo é questionado por alguns pesquisadores. Em 27 de junho daquele ano, ele diz ter avistado "uma terra cheia de grandíssimos rios", a 5 graus de longitude sul - ou seja, o litoral do Maranhão.

Outra viagem, a dos espanhóis Yanez Pinzón e Diego de Lepe, tem evidências mais sólidas - os dois marujos foram condecorados pelo rei da Espanha por terem "descoberto o Brasil" em janeiro de 1500, dois meses antes de Cabral - empate técnico, portanto. Em abril de 1500, o rei português teria simplesmente decidido tomar posse oficial das terras que muitos já sabiam existir. Um "acaso" bem planejado, portanto.

Fonte: Passeiweb

Vikings na América

Vários séculos depois de os europeus terem chegado à América, poucos sabem que, possivelmente, foram os vikings e não Cristóvão Colombo que descobriram o novo mundo, afirma o arqueólogo norueguês Christian Keller.

Os vikings, guerreiros que viveram entre os anos 750 e 1050, se dedicavam à pilhagem e a massacrar seus inimigos. Mas também eram astutos comerciantes, artesãos e colonizadores.

“Eles saqueavam, matavam e atuavam como mercenários em muitos exércitos europeus. Mas também faziam negócios, eram camponeses e magníficos navegantes, com os navios mais modernos da época", explica Keller, catedrático da Universidade de Oslo e especialista em história viking.

Longe da imagem popular, os vikings constituíram uma civilização culta e se adaptaram à vida de muitos dos lugares que invadiram. Na Islândia e na Groenlândia, formaram sociedades vikings puras; na Irlanda e Escócia foram absorvidos pelos celtas; na Rússia, pelos eslavos; e na França, se adaptaram rapidamente.

Além disso, a mulher tinha uma forte posição na comunidade, que só perdeu após a conversão do povo ao cristianismo, entre os anos 1000 e 1030. Na época, o culto aos deuses Odin e Tor foi abandonado. Fisicamente, eles superavam em altura o resto dos povos europeus, e não usavam capacetes com chifres, como costumam ser representados. Ele acrescentou que em inscrições em pedras os capacetes aparecem sem chifres. "Isso foi uma invenção do compositor alemão Richard Wagner", garantiu.

Foi um viking, Eirik Raude Torvaldsson, ou "Eric, o Vermelho", quem, segundo a literatura, descobriu a Groenlândia entre os anos 982 e 986, depois de ser expulso da Islândia por causa de um assassinato. Seu filho, Leif Eiriksson, pode ter descoberto a América no ano 1000, segundo documentam as sagas, escritos originais da atual Islândia que refletem a tradição oral viking.

Leif Eiriksson
"Então zarpou Leif, mas permaneceu muito tempo fora e achou terras que não sabia que existissem antes. Ali cresciam campos de trigo e árvores parecidas com a bétula, e de tudo levaram mostras", narra a saga.

A saga dos groenlandeses conta, no entanto, que foi o mercador Bjarne Herjolvsson que por acaso avistou a América, quando se perdeu com seu navio no meio de uma tempestade.

O relato de suas viagens animou Eiriksson a navegar para o oeste, buscando a terra desconhecida, que descobriu por volta do ano 1000, segundo afirma a saga.

Eiriksson chegou à Terra de Baffin, ao noroeste do Canadá, que batizou como Helluland, ou "terra de pedras planas". Ele também chamou o atual Labrador de Markland, ou "terra de florestas" e deu o nome de Vinland, ou "terra de verdes prados", ao que pode ser a Terranova ou Cape Cod.

Em 1961, um casal de exploradores noruegueses, Helge e Anne-Stine Ingstad, valendo-se das descrições das sagas, encontrou no povoado canadense de L'Anse aux Meadows os primeiros jazigos vikings da América. Mas foram necessários oito anos até que as provas técnicas confirmassem a descoberta.

"Encontraram casas e instrumentos no Canadá idênticos às relíquias vikings da Islândia e Groenlândia. Recolheram um anel de estanho, uma agulha e vestígios de produção de ferro, algo desconhecido para os índios norte-americanos", afirma Keller.

Ele acrescentou que os vikings viajaram pela América durante 100 anos, comerciando com os nativos. Mas não deixaram sua marca no novo mundo, lugar que não conseguiram colonizar.

Vinland

A exploração de Vinland foi efetuada pelos vikings estabelecidos nas colônias da Groenlândia e motivada pela escassez de recursos que se verificava nesta região. As colônias eram em certa medida apropriadas à ocupação humana, mas apresentavam desvantagens como o clima frio, escassez de madeira como material de combustão, de construção de casas e embarcações ou a falta de fontes acessíveis de ferro. Para suprir estas carências, Leif Ericson, filho de Eric, o Vermelho, fundador da colônia da Groenlândia, tomou a iniciativa de explorar a área circundante.

As primeiras viagens revelaram descobertas promissoras num continente de clima relativamente mais ameno e repleto de recursos essenciais à sobrevivência. Para além de Vinland (terra das vinhas), Leif Ericson descreveu ainda Markland (a costa de Labrador), Straumfjord e Helluland (costa este da Ilha de Baffin), relatadas nas sagas como locais ideais para a criação de rebanhos. No entanto, a costa este do atual Canadá situava-se a mais de 1000 milhas marítimas da Groenlândia, o que representava pelo menos três semanas de viagem de barco. Dada a impossibilidade de viajar a não ser no Verão, devido às condições atmosféricas, Leif Ericson depressa encontrou vantagem em estabelecer uma base de Inverno na região. Leifsbudir foi o nome dado a esta colônia.

Leifsbudir

A única fonte histórica que menciona a colônia de Leifsbudir em Vinland são as sagas nórdicas. De acordo com estes textos, Leifsbudir foi fundada por Leif Ericson, seu irmão Thorvald, sua irmã e sua mulher, por volta do ano 1000. O local era descrito como uma pequena aldeia destinada a servir como quartel-general às expedições que continuavam a decorrer no Verão. À falta de fontes independentes e de vestígios vikings na América do Norte, os historiadores mantiveram-se céticos quanto a estas narrativas, classificadas por alguns acadêmicos como fantasias.
Reconstrução de uma aldeia viking em L'Anse aux Meadows, no Canadá.
A dúvida dissipou-se em 1964 quando uma equipe de arqueólogos descobriu ruínas de arquitetura viking na área de L'Anse aux Meadows na costa norte da ilha da Terra Nova. O sítio era constituído por oito edifícios, dos quais três câmaras com espaço para acolher cerca de 80 pessoas, uma oficina de carpintaria e uma forja com tecnologia de extração de ferro idêntica à dos vikings. As datações por carbono 14 indicaram ainda idades em torno do ano 1000. A localização e características destas ruínas estavam por isso de acordo com as descritas pelos contemporâneos de Leif Ericson e confirmavam a veracidade da presença viking na América do Norte.

Uma das características mais marcantes da aldeia descoberta pelos arqueólogos era a ausência dos artefatos que normalmente acompanhavam os vikings. As escavações revelaram apenas e só a presença de 99 pregos estragados, 1 prego em boas condições, um pregador de bronze, uma roca, uma conta de vidro e uma agulha de tricot. Este magro espólio arqueológico foi interpretado como abandono deliberado da colônia, o que é apoiado pelas narrativas da época que contam como Leifsbudir foi abandonada ao fim de poucos anos de vida.

De acordo com as sagas, Vinland tinha todas as características de uma terra prometida, mas as idéias de exploração e colonização foram abandonadas, ao que tudo indica, repentinamente. Os motivos para o abandono são descritos pelos próprios relatos contemporâneos: Vinland era a morada de um povo hostil com o qual os vikings não conseguiram estabelecer relações pacíficas.

O primeiro contato dos vikings de Leifsbudir com os índios americanos é relatado em pormenor nas sagas. O acampamento foi visitado por um grupo de nove nativos, que os vikings chamavam genericamente skraelings (“os feios”, uma palavra também aplicada aos Inuit) dos quais os vikings mataram oito por razões não especificadas. O nono elemento fugiu e regressou em canoas com um grupo maior que atacou os colonos. Na luta, morreram algumas pessoas de parte a parte incluindo Thorvald, irmão de Leif Ericson.

Apesar deste início pouco auspicioso, foi possível estabelecer relações comerciais com os Índios, com a troca de leite e têxteis nórdicos por peles de animais locais. A paz durou algum tempo até que nova batalha começou quando um índio tentou roubar uma arma e foi morto. Os vikings conseguiram ganhar este conflito, mas o acontecimento serviu para perceberem que a vida em Vinland não seria fácil sem apoio militar adequado ao qual não tinham acesso.
A morte do nórdico Thorvald em um dos conflitos com os "skraelings"
De acordo com as sagas decidiram então abandonar a aldeia de Leifsbudir e o sonho de colonizar Vinland. Apesar do abandono, os vikings continuaram a visitar a América do Norte, em particular a região de Markland. Estas viagens não se destinavam à exploração ou a um eventual estabelecimento, mas sim recolher madeira e ferro, recursos que continuavam a escassear na Groelândia natal. A última referência a uma viagem a Markland data de 1347.

Fontes: Entretenimento UOL; Wikipedia.

Fenícios e celtas na América

As primeiras navegações confirmadas à América foram às dos vikings - mas séculos antes deles içarem suas velas, já circulavam no Velho Mundo lendas sobre grandes terras desconhecidas do outro lado do Atlântico.  Contam historiadores antigos que o primeiro povo a procurar esse continente remoto foram os fenícios - os maiores navegadores da Antigüidade, antepassados dos libaneses.

Na obra Bibliotheca Historica, escrita no século I a.C., o romano Diodorus Siculus conta que o capitão fenício Himilcon singrou o "Oceano Ocidental" por volta de 500 a.C. e chegou a uma "grande terra, fértil e de clima delicioso". A descoberta foi mantida em segredo para evitar que outros povos explorassem o lugar - revelar sua localização era crime punido com a morte.

No início da Idade Média, começaram a circular rumores de que o misterioso país do ocidente era uma espécie de paraíso terreno, imagem do Éden descrito na Bíblia. Entre os celtas da Irlanda, a terra encantada ganhou o nome de Hy Brazil. A palavra céltica Brazil tem origens incertas, mas alguns acreditam que derive do termo fenício "barzil", que significava "ferro" - sabe-se que fenícios e celtas comercializaram na Antiguidade e podem ter trocado vocábulos além de mercadorias. Outros tradutores acham que Brazil vem do celta "bress", raiz da palavra inglesa "bless" - abençoar (na imagem abaixo: embarcação fenícia).

A história oficial, como se sabe, conta que nosso país foi batizado em homenagem ao "pau-brasil", a madeira "da cor da brasa" que abundava no litoral do Nordeste e cuja casca dava uma tintura vermelha, usada para tingir as vestes mais luxuosas de Lisboa. Essa versão esquece, claro, que a palavra Brasil é mais antiga que existência da própria língua portuguesa, cujos documentos mais antigos só surgiriam no século IX.

Um descobridor alternativo das Américas pode ter sido um religioso celta em busca do paraíso terrestre: A Navegação de São Brandão, obra escrita na Irlanda por volta do ano 900, conta a história de um monge irlandês que em 556 teria partido pelas águas do Atlântico em um currach - pequeno barco de madeira, coberto de peles e usado por pescadores. Reza a lenda que São Brandão, com uma pequena tripulação de monges-marinheiros, encontrou a fabulosa terra de Hy Brazil, "cheia de bosques e grandes rios recheados de peixes", e voltou à Irlanda para contar a história.

Nenhuma evidência arqueológica confirma que fenícios ou celtas tenham estado no Novo Mundo - mas a chance, segundo alguns pesquisadores, não é de desprezar. "Mesmo na falta de provas definitivas, é ingênuo negar a possibilidade de que povos antigos tenham navegado à América", diz Luiz Galdino, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, que pesquisa as descobertas alternativas do Novo Mundo há mais de 30 anos.

Galdino aponta para a corrente Sul-Equatorial como o caminho mais provável para exploradores antigos. "Os fenícios tinham navios capazes de carregar mais mantimentos que as caravelas portuguesas. Sabemos que eles navegaram pela costa da África até o século IV a.C. - e, se um de seus barcos tivesse entrado por acaso na corrente Sul-Equatorial, iria diretamente para as praias de Pernambuco", diz Galdino, que planeja lançar um livro sobre "as descobertas do Brasil".

"O mesmo caminho pode ter sido seguido por celtas, romanos, árabes. O Brasil e as Américas foram descobertos várias vezes ao longo dos séculos".

Fonte: Os Descobridores do Novo Mundo - História - Passeioweb

Fenícios no Brasil

Segundo alguns historiadores, no século XII a.C., os fenícios atingiram o litoral do continente americano. O historiador brasileiro Bernardo de Azevedo da Silva Ramos (1858 – 1931), nascido em Manaus-AM, em seu trabalho “Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, Especialmente do Brasil” (RJ – 1930), cita muitas palavras indígenas de origem fenícia e hebraica, pois alguns dos tripulantes de embarcações fenícias que chegaram ao litoral permaneciam nessas regiões e constituíam clãs, daí a diversidade de línguas e costumes de várias nações indo-americanas, principalmente depois da conquista da Fenícia por Alexandre, o Grande, e depois as dominações grega e romana.   

Em se tratando de língua, é interessante analisar nos idiomas Quíchua, Chibika, Aimará, Guarani, Tupi... vocábulos aramaicos e mesmo árabes antigos, que são encontrados em todos aqueles idiomas, sendo o Quíchua e o Tupi os mais próximos do aramaico e do árabe.

Encontram-se também em vários lugares do Brasil inscrições fenícias gravadas em rocha, como por exemplo, as da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro.

Na Ilha de Marajó, foram encontradas pedras trabalhadas com inscrições aramaicas, cuja existência é datada de antes da Era Cristã. Estas se encontram no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Existem também os tipos de portos – “muralhas” – que os fenícios construíram, como as que se encontram em Batrun, Líbano: no Aquiri-AM e em Alcobaça-BA.

Inscrição fenícia na Pedra da Gávea. Tradução abaio

“Tyro, Phenícia, Badezir primogênito de Jethabaal.”

“Somos filhos de Caná, de Saida, a cidade do rei. O comércio nos trouxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano de 19 de Hiram, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion-Geber, no mar Vermelho, e viajamos com 10 navios. Permanecemos no mar juntos por dois anos, em volta da terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade, nos afastamos de nossos companheiros e, assim, aportamos aqui: 12 homens e 3 mulheres. Numa nova praia que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente passam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor.”

Fonte: Extraído do livro “Líbano – Guia Turístico e Cultural” de Roberto Khatlab

A celebração das descobertas

"E Deus quis que o Novo Mundo fosse descoberto pelos reis cristãos e seus vassalos, e que eles aceitassem alegremente o trabalho de converter e conquistar os idólatras. Bendito seja o Senhor!"

Assim Gonçalo Fernandes de Oviedo (Madrid, 1478 - Valladolid, 1557), escritor, cronista de Colombo. O objetivo era sublinhar o papel da Itália na colonização da América - truque ideológico e colonizador espanhol, descreve o espírito de sua época, na obra Historia General de las Indias e de las Tierras del Mar Oceano, escrita em 1535 (figura ao lado).

Tempo em que os espanhóis invadiam e dominavam as terras descobertas por Colombo, "para maior Glória de Deus". E foram os próprios conquistadores que começaram a transformar sua aventura em história:

Oviedo, um fidalgo que veio às Américas para colonizar, foi o primeiro "cronista de Indias" da coroa espanhola - em outras palavras, historiador oficial encarregado de justificar e glorificar a conquista. A "descoberta" foi descrita como uma vontade divina. Os índios eram infiéis sem civilização, como os negros africanos: deviam se converter ou virar escravos.

Cronistas da época também esculpiram a versão de que nenhum outro povo "civilizado" alcançara o Novo Mundo antes dos ibéricos. Não à toa: o dono, claro, era quem chegou primeiro e a ele cabia o direito de ficar rico com isso.

O mesmo raciocínio foi adotado uns dois séculos depois pelos colonizadores ingleses da Austrália: embora a ilha já tivesse sido avistada pelos portugueses em 1522, pelos holandeses em 1614 e talvez pelos chineses bem antes disso, o "descobridor oficial" foi o britânico James Cook, que tomou posse da terra em nome da Coroa inglesa. (De todos os possíveis descobridores da Oceania, só os chineses vestiam "longas túnicas", como os misteriosos visitantes das lendas aborígenes e maoris).

No Brasil, a transformação de Pedro Álvares Cabral em herói só ocorreu no século 19. Até então, livros de história mal falavam nele. Em Portugal, também era pouco lembrado: a casa que pertencera à sua família, na cidade de Santarém, ficou abandonada por séculos e chegou a virar um prostíbulo, até ser restaurada em meados do século 20. "Depois da Proclamação da República, em 1889, o país buscava uma identidade nacional, precisava de um herói em suas origens", diz Leandro Karnal, da USP.

Colombo também permaneceu nas sombras por séculos e só foi reabilitado em 1866, quando americanos de origem italiana inventaram o Columbus Day, ou Dia numa época em que os imigrantes italianos eram desprezados e até linchados pela elite anglo-saxã.

Com o tempo, a celebração da "descoberta" foi exportada para a América Central e do Sul e até hoje faz parte de muitos calendários nacionais. É um bom exemplo de história contada pelos vencedores: europeus, brancos e cristãos. Se nossos livros tivessem sido escritos pelos perdedores, talvez todos esses relatos não fossem contados como épicos, mas em tom apocalíptico.


O frei dominicano Bartolomé de Las Casas em sua obra Brevíssima relação da destruição das Índias, escrita em 1542, faz uma série de denúncias a respeito da exploração e dos abusos dos colonizadores:

[...] e tendo experiência que em nenhuma parte podiam escapar dos espanhóis, sofriam e morriam nas minas e nos outros trabalhos, quase como pasmados, insensíveis e pusilânimes, degenerados e deixando-se morrer, calando desesperados, não vendo pessoas no mundo a quem pudessem queixar-se nem que delas tivesse piedade”.

No México e no Peru, sacerdotes indígenas decretavam que seus deuses nativos estavam mortos e anunciavam o fim da civilização. O que os "descobertos" pensavam sobre a tal Idade dos Descobrimentos pode ser resumido em um verso, escrito por um poeta indígena do México na aurora do Novo Mundo:

"Oh meus filhos, em que tempos detestáveis vocês foram nascer!"

Fontes: Passeiweb; Wikipedia; Para entender história...

A rainha de Sabá

Balkis - por Charles Gounod
"A Rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão e foi até ele com um duplo propósito: admirar e comprovar o que tinha ouvido a respeito da sabedoria do monarca e firmar um tratado comercial, pois com a expansão do reino de Israel, os barcos hebreus e os de Tiro passaram a ser uma ameaça ao comércio que já havia na região. Lutando por seus interesses a rainha vai até Jerusalém acompanhada de numerosa comitiva com camelos carregados de aromas, muitas especiarias, ouro e pedras preciosas.

Salomão ouve as perguntas e aflições da rainha e lhe dá as respostas a seus problemas. A rainha de Sabá fica admirada com o esplendor das riquezas e com a prosperidade do reino. É firmado um acordo comercial muito conveniente a Salomão pois agora os seus navios teriam um posto de negócios e reabastecimento entre Eziom - Geber e a Índia."

A rainha de Sabá foi, na Torá, no Antigo e no Novo Testamento, no Alcorão, na história da Etiópia e do Iêmen, uma célebre soberana do antigo Reino de Sabá. A localização deste reino pode ter incluído os atuais territórios da Etiópia e do Iêmen.

Conhecida entre os povos etíopes como Makeda, esta rainha recebeu diferentes nomes ao longo dos tempos. Para o rei Salomão de Israel ela era a "rainha de Sabá". Na tradição islâmica ela era Balkis ou Bilkis. Flávio Josefo, historiador romano de origem judaica, a chamou de Nicaula. Acredita-se que tenha vivido no século X a.C..

Na Torá, uma tradição que narra a história das nações foi preservada em Beresh't 10 (Gênesis 10). Em Beresh't 10:7 existe uma referência a Sabá (Shva), filho de Raamá, filho de Cuxe, filho de Cam, filho de Noé. Em Beresh't 10:26-29 há uma referência a Sabá - listada ao lado de Almodá, Selefe, Hazarmavé, Jerá, Hadorão, Usal, Dicla, Obal, Abimael, Ofir, Havilá e Jobabe, como os descendentes de Joctã, filho de Héber, filho de Salá, filho de Arfaxade, descendente de Sem, um dos filhos de Noé. A questão sobre se a rainha de Sabá representaria uma ancestral dos hamitas ou dos semitas suscita debates passionais até hoje.

Em 8 de maio de 2008, a Universidade de Hamburgo anunciou oficialmente que arqueólogos alemães, depois de uma pesquisa comandada pelo professor Helmut Ziegert, descobriram os restos do palácio da Rainha de Sabá, datados do século X a.C., em Axum (Aksum), uma cidade sagrada da Etiópia, sob um antigo palácio real.

A rainha de Sabá no judaísmo e no Velho Testamento

De acordo com a Torá e o Velho Testamento, a rainha da terra de Sabá (cujo nome não é mencionado) teria ouvido sobre a grande sabedoria do rei Salomão de Israel, e viajado até ele com presentes de especiarias, ouro, pedras preciosas, e belas madeiras, pretendendo testá-lo com suas perguntas, como está registrado no Primeiro Livro de Reis (10:1-13) (relato copiado posteriormente no Segundo Livro de Crônicas, 9:1-12).

O relato prossegue apontando a rainha como maravilhada pela grande sabedoria e riqueza do rei Salomão, e pronunciando uma bênção sobre a divindade do rei. Salomão respondeu, por sua vez, com presentes e "tudo o que ela desejou", após o qual a rainha retornou ao seu país. Aparentemente, a rainha de Sabá seria muito rica, já que ela teria trazido 4 toneladas e meia consigo para presentear ao rei Salomão (I Reis, 10:10).

Nas passagens bíblicas que se referem explicitamente à rainha de Sabá não há sinal de amor ou atração sexual entre ela e o rei Salomão. Os dois são descritos apenas como dois monarcas envolvidos em assuntos de estado.

Outro texto bíblico, o Cântico dos Cânticos, contém algumas referências que, por diversas vezes, foram interpretados como se referindo ao amor entre Salomão e a rainha de Sabá. A jovem mulher do Cântico dos Cânticos, no entanto, nega continuamente as insinuações românticas de seu pretendente, que muitos estudiosos identificaram com o rei Salomão. De qualquer maneira, não há nada que identifique esta personagem deste texto com a rainha estrangeira, rica e poderosa, descrita do Livro dos Reis. A mulher do texto da canção claramente indica umas certas "filhas de Jerusalém" como suas iguais.

A tradição etíope posterior afirma com segurança que o rei Salomão realmente seduziu e engravidou sua convidada, e possui um relato detalhado de como ele o fez, um assunto de importância considerável para o povo etíope, já que a linhagem de seus imperadores remontaria àquela união.

Claude Lorrain, A Embarcação da Rainha de Sabá.

A rainha de Sabá no islamismo

O Alcorão nunca menciona a rainha de Sabá por seu nome, embora as fontes árabes a chamem de Balqis ou Bilqis. O relato corânico é similar àquele da Bíblia; a narrativa conta como Salomão recebeu relatos de um reino governado por uma rainha cujo povo venerava o Sol. Ele enviou uma carta, convidando-a a visitá-lo e discutir sobre a sua divindade, relatada como sendo Alá, o Senhor dos Mundos (Alamin) no texto islâmico. Ela aceitou o convite e preparou enigmas para testar sua sabedoria e seu conhecimento. Então, um dos ministros de Salomão (que tinha conhecimento do "Livro") propôs trazê-lo o trono de Sabá "num piscar de olhos". Diante do feito, a rainha chegou à sua corte, mostrou-lhe seu trono, entrou no seu palácio de cristal e começou a fazer as perguntas. Impressionada por sua sabedoria, ela louvou sua divindade e, eventualmente, aceitou o monoteísmo abraâmico.

Alguns acadêmicos árabes modernos têm identificado a rainha de Sabá como uma soberana de uma colônia ou entreposto comercial no noroeste da Arábia, estabelecido por reinos da Arábia Meridional. As descobertas arqueológicas mais recentes confirmam o fato de que tais colônias realmente existiram, com achados como artefatos e inscrições no alfabeto arábico meridional, embora nada especificamente relacionado a Balkis ou Bilkis, a rainha de Sabá, tenha sido descoberto até agora.

A rainha de Sabá na cultura etíope

A familia imperial da Etiópia aponta sua origem a partir de um descendente da rainha de Sabá com o rei Salomão. A rainha de Sabá é chamada de Makeda no relato etíope (que pode ser traduzido literalmente como "travesseiro").

A etimologia de seu nome é incerta, existindo duas correntes principais de pensamento divergindo sobre sua fonte etíope. Uma delas, que inclui o acadêmico britânico Edward Ullendorff, mantém que o nome seria uma corruptela de Candace, uma rainha etíope mencionada no Novo Testamento (Atos dos Apóstolos); a outra corrente liga o nome à Macedônia, e relaciona esta história com as lendas etíopes posteriores sobre Alexandre, o Grande e o período do século IV a.C.. Muitos acadêmicos, no entanto, como o italiano Carlo Conti Rossini, não se convenceram por nenhuma destas teorias, e declararam o assunto como ainda não-resolvido.

Uma antiga compilação de lendas etíopes, o Kebra Negast ("Glória dos Reis"), foi datada como tendo sido escrito há 700 anos, e relata a história de Makeda e seus descendentes. Neste relato o rei Salomão teria seduzido a rainha de Sabá e tido com ela um filho, Menelik I, que se tornaria o primeiro imperador da Etiópia.

A narrativa contida no Kebra Negast - que não encontra paralelo na história bíblica - é de que o rei Salomão teria convidado a rainha de Sabá a um banquete, servindo comida condimentada a induzi-la a ter sede, e convidando-a para passar a noite em seu palácio. A rainha pediu-lhe então que jurasse não a tomar à força. Ele aceitou com a condição de que ela, por sua vez, não levasse nada de seu palácio à força. A rainha assegurou que não o faria, ofendida pela insinuação de que ela, uma monarca rica e poderosa, precisaria roubar qualquer coisa. No entanto, quando ela acordou no meio da noite, sedenta, pegou uma jarra de água que havia sido colocada ao lado de sua cama. O rei Salomão então apareceu, avisando-a de que estava a descumprir sua promessa, ainda mais pelo fato de que a água, segundo ele, seria a mais valiosa de todas as suas posses materiais. Assim, enquanto ela saciou sua sede, ela libertou o rei de sua promessa, e passaram a noite juntos.

A tradição de que a rainha de Sabá bíblica teria sido uma soberana da Etiópia que visitou o rei Salomão em Jerusalém, no antigo Reino de Israel, é referendada pelo historiador romano de origem judaica Flávio Josefo, que identificou a visitante de Salomão como sendo "Rainha do Egito e da Etiópia".

Enquanto não existem tradições conhecidas de matriarcado no Iêmen durante o início do primeiro milênio a.C., as primeiras inscrições dos governantes de D'mt, no norte da Etiópia e da Eritréia, mencionam rainhas de status elevado, possivelmente até igual ao de seus reis.

Para a monarquia etíope, a linhagem salomônica e sabaítica tem considerável importância política e cultural. A Etiópia foi convertida ao cristianismo pelos coptas do Egito, e a Igreja Copta lutou por séculos para manter os etíopes numa condição de dependência e subserviência fortemente ressentida pelos imperadores etíopes.

Afresco etíope da rainha de Sabá rumo a Jerusalém.

A rainha de Sabá no cristianismo

Além de sua menção no Velho Testamento, a rainha de Sabá é mencionada, como Rainha do Sul, no Novo Testamento, quando Jesus Cristo indica que ela e os ninivitas julgarão a geração dos contemporâneos de Jesus que o rejeitaram.

As interpretações cristãs das escrituras enfatizam, tipicamente, tanto os valores históricos quanto os valores metafóricos da história. O relato da rainha de Sabá é interpretado como uma metáfora e uma analogia cristã: a visita da rainha a Salomão foi comparada ao casamento metafórico da Igreja com Cristo, onde Salomão seria o "ungido" (Cristo), ou messias, e Sabá representaria uma população de gentios que se submeteu ao messias; a castidade da rainha de Sabá foi descrita como um presságio da Virgem Maria; e os três presentes que ela teria levado a Israel (ouro, especiarias e pedras) foram vistos como análogos aos presentes dos Três Reis Magos (ouro, incenso e mirra). Esta última analogia, em particular, é enfatizada como sendo consistente com uma passagem do Livro de Isaías (60:6): "todos virão de Sabá; trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do Senhor."

Entre as obras de arte realizadas na Idade Média que retratam a visita da rainha de Sabá estão o "Portal da Mãe de Deus", na Catedral de Amiens, do século XIII, incluída como analogia em parte de um painel maior que retrata os presentes dos Reis Magos..[8] As catedrais de Estrasburgo, Chartres, Rochester e Cantuária, do século XII, contêm interpretações artísticas da rainha em vitrais e bas decorações das jambas.

Giovanni Boccaccio, em sua obra Sobre as mulheres famosas (De mulieribus claris, em latim), segue o exemplo de Josefo ao chamar a rainha de Sabá de Nicaula. Boccaccio ainda afirma que ela não só era rainha da Etiópia e do Egito, como também da Arábia, e que relatos afirmavam que ela tinha um palácio luxuoso numa "ilha muito grande" chamada Meroe, localizada em algum lugar próximo ao rio Nilo, "praticamente no outro lado do mundo." De lá, Nicaula cruzou os desertos da Arábia, através da Etiópia e do Egito, pela costa do mar Vermelho, até chegar a Jerusalém, onde se encontrou com "o grande rei Salomão".

O livro Cidade das Damas, de Cristina de Pisano também chama a rainha de Sabá de Nicaula. Os afrescos de Piero della Francesca em Arezzo (1466) sobre a Lenda da Vera Cruz contêm dois painéis sobre a visita da rainha de Sabá a Salomão. A lenda ilustrada liga as vigas do palácio do rei Salomão à madeira utilizada na crucifixão. A sequência desta visão metafórica, do Renascimento, sobre a rainha de Sabá como uma analogia aos presentes dos Reis Magos, também está claramente evidente no Tríptico da Adoração dos Magos (1510), de Hieronymus Bosch. Bosch optou por retratar a rainha de Sabá e o rei Salomão no colar vestido por um dos magos.

O Doutor Fausto, de Christopher Marlowe, se refere à rainha como Sabá, quando Mefistófeles está tentando persuadir Fausto da sabedoria das mulheres com quem ele supostamente será presenteado todas as manhãs.

Descobertas arqueológicas recentes

Descobertas arqueológicas recentes feitas no Mahram Bilqis ("Templo de Bilkis"), em Ma'rib, no Iêmen, apoiam a tese de que a rainha de Sabá teria governado a Arábia Meridional, com evidências de que a área seria a capital do reino de Sabá.

Uma equipe de pesquisadores financiados pela American Foundation for the Study of Man (AFSM, "Fundação Americana para o Estudo do Homem") e liderada pelo professor de arqueologia da Universidade de Calgary, Bill Glanzman, vem trabalhando para decifrar os segredos de um templo de 3000 anos de idade encontrado no deserto.

Fontes: Wikipédia; http://www.geocities.com/Athens/Academy/9062/ .

A destruição da biblioteca de Alexandria

"Na sexta-feira da lua nova do mês de Moharram, no vigésimo ano da Hégira (isso equivale a 22 de dezembro de 640), o general Amr Ibn al-As, o emir dos agareus, conquistava Alexandria, no Egito, colocando a cidade sob o domínio do califa Omar. Era um dos começos do fim da famosa Biblioteca de Alexandria, construída por Ptolomeu Filadelfo no início do terceiro século a.C. para reunir os livros de todos os povos da Terra e destruída mais de mil anos depois."

A biblioteca de Alexandria provavelmente foi fundada por Ptolomeu ou por Ptolomeu II, e a cidade, como seu próprio nome diz, por Alexandre, o Grande, entre 331 e 330 a.C.

Alexandria foi, talvez, a primeira cidade do mundo totalmente construída em pedra, sem que se utilizasse nenhuma madeira. A biblioteca compreendia dez grandes salas, e quartos separados para os leitores. Discute-se, ainda, a data de sua fundação e o nome de seu fundador, mas o verdadeiro fundador, no sentido de organizador e criador da biblioteca, e não simplesmente do rei que reinava ao tempo de seu surgimento, parece ter sido um personagem de nome Demétrios de Phalère.

Desde o começo, ele agrupou setecentos mil livros e continuou aumentando sempre esse número. Os livros eram comprados a expensas do rei. Esse Demétrios de Phalère, nascido em 354 e 348 a.C., parece ter conhecido Aristóteles. Apareceu em 324 a.C. como orador público, em 317 foi eleito governador de Atenas e a governou durante dez anos, de 317 a 307 a.C.

Impôs um certo número de leis, notadamente uma, de redução do luxo nos funerais. Em seu tempo, Atenas contava 90.000 cidadãos, 45.000 estrangeiros e 400.000 escravos. No que concerne à própria figura de Demétrios, a História o apresenta como um juiz de elegância em seu país; foi o primeiro ateniense a descolorir os cabelos, alourando-os com água oxigenada.

Demétrius de Phalère
Depois foi banido de seu governo e partiu para Tebas. Lá escreveu um grande número de obras, uma com título estranho: Sobre o feixe de luz no céu, que é, provavelmente, a primeira obra sobre os discos voadores. Em 297 a. C., o faraó Ptolomeu persuadiu Demétrios a instalar-se em Alexandria. Fundou, então, a biblioteca.

Ptolomeu I morreu em 283 a.C. e seu filho Ptolomeu II exilou Demétrios em Busiris, no Egito. Lá, Demétrios foi mordido por uma serpente venenosa e morreu. Tornou-se célebre no Egito como mecenas das ciências e das artes, em nome do Rei Ptolomeu I, Ptolomeu II continuou a interessar-se pela biblioteca e pelas ciências, sobretudo pela zoologia.

Nomeou como bibliotecário  Zenodotus de Éfeso, nascido em 327 a.C., e do qual ignoram as circunstâncias e data da morte. Depois disso, uma sucessão de bibliotecários, através dos séculos, aumentou a biblioteca, aí acumulando pergaminhos, papiros, gravuras e mesmo livros impressos, se formos crer em certas tradições. A biblioteca continha, portanto documentos inestimáveis. Colecionou, igualmente, documentos dos inimigos, notadamente de Roma.

Pela documentação de lá, poder-se-ia constituir uma lista bastante verossímil de todos os bibliotecários até 131 a.C.

Depois disso, as indicações se tornam vagas. Sabe-se que um bibliotecário se opôs, violentamente, a primeira pilhagem da biblioteca por Júlio César, no ano 47 a.C., mas a História não tem o seu nome. O que é certo é que já na época de Júlio César a biblioteca de Alexandria tinha a reputação corrente de guardar livros secretos que davam poder praticamente ilimitado.

Quando Júlio César chegou a Alexandria a biblioteca tinha pelo menos setecentos mil manuscritos. Quais? E por que se começou a temer alguns deles?

Os documentos que sobreviveram dão-nos uma idéia precisa. Havia lá livros em grego. Evidentemente, tesouros: toda essa parte que nos falta da literatura grega clássica. Mas entre esses manuscritos não deveria aparentemente haver nada de perigoso. Ao contrário, o conjunto de obras de Bérose é que pode inquietar. Sacerdote babilônico refugiado na Grécia, Bérose nos deixou de um encontro o relato com os extraterrestres: os misteriosos Apkaluus, seres semelhantes a peixes, vivendo em escafandros e que teriam trazido aos homens os primeiros conhecimentos científicos. Bérose viveu no tempo de Alexandre, o Grande, até a época de Ptolomeu I. Foi sacerdote de Bel-Marduk na Babilônia. Era historiador, astrólogo e astrônomo. Inventou o relógio de sol semicircular.

Fez uma teoria dos conflitos entre os raios do Sol e da Lua que antecipa os trabalhos mais modernos sobre a interferência da luz. Podemos fixar as datas de sua vida em 356 a.C., nascimento, e 261, na sua morte. Uma lenda contemporânea diz que a famosa Sybila, que profetizava, era sua filha. A História do Mundo de Bérose, que descrevia seus primeiros contatos com os extraterrestres, foi perdida. Restam alguns fragmentos, mas a totalidade desta obra estava em Alexandria. Nela estavam todos os ensinamentos dos extraterrestres.

Encontrava-se em Alexandria, também, a obra completa de Manethon. Este sacerdote e historiador egípcio, contemporâneo de Ptolomeu I e II, conhecera todos os segredos do Egito. Seu nome mesmo pode ser interpretado como "o amado de Thot" ou "detentor da verdade de Toth". Era o homem que sabia tudo sobre o Egito, lia os hieróglifos, tinha contato com os últimos sacerdotes egípcios. Teria ele mesmo escrito oito livros, e reuniu quarenta rolos de pergaminho, em Alexandria, que continham todos os segredos egípcios e provavelmente o Livro de Toth. Se tal coleção tivesse sido conservada, saberíamos, quem sabe, tudo o que seria preciso saber sobre os segredos do Egito. Foi exatamente isto que se quis impedir. A biblioteca de Alexandria continha obras de um historiador fenício, Mochus, ao qual se atribui a invenção da teoria atômica.


Ela continha, ainda, manuscritos indianos extraordinariamente raros e preciosos. De todos esses manuscritos não resta nenhum traço. Conhecemos o número total dos rolos quando a destruição começou: quinhentos e trinta e dois mil e oitocentos. Sabemos que existiu uma seção que se poderia batizar de "Ciências Matemáticas " e outra de "Ciências Naturais". Um catálogo geral igualmente existia. Também este foi destruído. Foi César quem inaugurou estas destruições. Levou um certo número de livros, queimou uma parte e gradou o resto. Uma incerteza persiste ainda em nossos dias sobre esse episódio, e 2.000 anos depois da sua morte, Julio César tem ainda partidários e adversários. Seus partidários dizem que ele jamais queimou livros na própria biblioteca; aliás, um certo número de livros prontos a serem embarcados para Roma, foi queimado num dos depósitos do cais do porto de Alexandria, mas não foram os romanos que lhe atearam fogo

Ao contrário, certos adversários de César dizem que grande número de livros foi deliberadamente destruído. A estimativa do total varia de 40.000 a 70.000. Uma tese intermediária afirma que as chamas provenientes de um bairro onde se lutava, ganharam a biblioteca e a destruíram acidentalmente. Parece certo, em todo caso, que tal destruição não foi total. Os adversários e os partidários de César não dão referência precisa, os contemporâneos nada dizem e os escritos mais próximos do acontecimento lhe são posteriores de dois séculos. César mesmo, em suas obras, nada disse.

Parece mesmo que ele se "apoderou" de certos livros que lhe pareciam especialmente interessantes. A maior parte dos especialistas em história egípcia pensa que o edifício da biblioteca deveria ser de grandes dimensões para conter setecentos mil volumes, salas de trabalho, gabinetes particulares, e que um monumento de tal importância não pode ser totalmente destruído por um principio de incêndio. É possível que o incêndio tenha consumido estoques de trigo, assim como rolos de papiro virgem. Não é certo que tenha desvastado grande parte da livraria, não é certo que ela tenha sido totalmente aniquilada. É certo, porém, que uma quantidade de livros considerados particularmente perigosos, desapareceu. A ofensiva seguinte, a mais séria contra a livraria, parece ter sido feita pela Imperatriz Zenóbia. Ainda desta vez a destruição não foi total, mas livros importantes desapareceram. Conhecemos a razão da ofensiva que lançou depois dela o Imperador Diocleciano (284-305 d.C.). Documentos contemporâneos estão de acordo a este respeito.

Diocleciano quis destruir todas as obras que davam os segredos de fabricação do ouro e da prata. Isto é, todas as obras de alquimia. Pois ele pensava que se os egípcios pudessem fabricar à vontade o ouro e a prata, obteriam assim meios para levantar um exército e combater o império. Diocleciano, mesmo filho de escravos, foi proclamado imperador em 17 de setembro de 284.

Era ao que tudo indica perseguidor nato e o último decreto que assinou antes de sua abdicação em maio de 305, ordenava a destruição do cristianismo. Diocleciano foi de encontro a uma poderosa revolta do Egito e começou em julho de 295 o cerco a Alexandria. Tomou a cidade e nessa ocasião houve massacres inomináveis. Entretanto, segundo a lenda, o cavalo de Diocleciano deu um passo em falso ao entrar na cidade conquistada, e Diocleciano interpretou tal acontecimento como mensagem dos deuses que lhe mandavam poupar a cidade. A tomada de Alexandria foi seguida de pilhagens sucessivas que visavam acabar com os manuscritos de alquimia.

E todos os manuscritos encontrados foram destruídos. Eles continham, ao que parece, as chaves essenciais da alquimia que nos faltam para compreensão dessa ciência, principalmente agora que sabemos que as transmutações metálicas são possíveis. Não possuímos lista dos manuscritos destruídos, mas a lenda conta que alguns dentre eles eram obras de Pitágoras, de Salomão ou do próprio Hermes. É evidente que isto deve ser tomado com relativa confiança. Seja como for, documentos indispensáveis davam a chave da alquimia e estão perdidos para sempre: mas a biblioteca continuou. Apesar de todas as destruições sistemáticas que sofreu, ela continuou sua obra até que os árabes a destruíssem completamente. E se os árabes o fizeram, sabiam por que o faziam. Já haviam destruído no próprio Islã - como na Pérsia - grande número de livros secretos de magia, de alquimia e de astrologia.

A palavra de ordem dos conquistadores era "não há necessidade de outros livros, senão o Livro", isto é, o Alcorão. Assim, a destruição de 646 d.C. visava não propriamente os livros malditos, mas todos os livros. O historiador muçulmano Abd al-Latif (1160-1231) escreveu: "A biblioteca de Alexandria foi aniquilada pelas chamas por Amr ibn-el-As, agindo sob as ordens de Omar, o vencedor".

Esse Omar se opunha, aliás, a que se escrevessem livros muçulmanos, seguindo sempre o princípio: "o livro de Deus é-nos suficiente". Era um muçulmano recém-convertido, fanático, odiava os livros e destruiu-os muitas vezes porque não falavam do profeta. É natural que terminasse a obra começada por Julio César, continuada por Diocleciano e outros. Se documentos sobreviveram a esses autos-de-fé, foram cuidadosamente guardados desde 646 d.C. e não mais reapareceram.

Fontes: mywebpage.netscape.com; www.estadoanarquista.org

Hipátia


"Vestida com o manto dos filósofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Platão e de Aristóteles, ou de qualquer filósofo a todos os que quisessem ouvi-la… Os magistrados costumavam consultá-la em primeiro lugar para administração dos assuntos da cidade". (Hesíquio, o hebreu, aluno de Hipátia)

Hipátia de Alexandria foi uma matemática e filósofa neoplatônica, nascida em 355 d. C. e assassinada em 415. O fato dela ser uma filósofa pagã (num meio predominantemente cristão) é tido como um dos fatores que contribuíram para seu trágico fim. Os historiadores concluem que sua morte foi devida a problemas religiosos do que políticos, pois era pagã.

Era filha de Téon, um renomado filósofo, astrônomo, matemático, autor de diversas obras e professor em Alexandria. Foi criada em um ambiente de idéias e filosofia, e tinha uma forte ligação com o pai, que lhe transmitiu, além de conhecimentos, a forte paixão pela busca de respostas para o desconhecido. Diz-se que ela, sob tutela e orientação paternas, submetia-se a uma rigorosa disciplina física, para atingir o ideal helênico de ter a mente sã em um corpo são.

Ela estudou na Academia de Alexandria, onde devorava conhecimento: matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia e artes. A oratória e a retórica também não foram descuidadas.

Alguns autores pensam que, quando adolescente, viajou para Atenas, para completar a educação na Academia Neoplatônica, onde não demorou a se destacar pelos esforços para unificar a matemática de Diofanto com o neoplatonismo de Amônio Sacas e Plotino, isto é, aplicando o raciocínio matemático ao conceito neoplatônico do Uno. Ao retornar, já havia um emprego esperando por ela em Alexandria: seria professora na Academia onde fizera a maior parte dos estudos, ocupando a cadeira que fora de Plotino. Aos 30 anos já era diretora da Academia, sendo muitas as obras que escreveu nesse período.

Um dos seus alunos foi o notável filósofo e bispo Sinésio de Cirene (370 - 413), que lhe escrevia freqüentemente, pedindo-lhe conselhos. Através destas cartas, sabemos que Hipátia desenvolveu alguns instrumentos usados na Física e na Astronomia, entre os quais o hidrômetro.

Também desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto ("Sobre o Cânon Astronômico de Diofanto"), tendo escrito um tratado sobre o assunto, além de comentários sobre os matemáticos clássicos, incluindo Ptolomeu. Em parceria com o pai, escreveu um tratado sobre Euclides.

Ficou famosa por ser uma grande solucionadora de problemas. Matemáticos confusos, com algum problema em especial, escreviam-lhe pedindo uma solução. E ela raramente os desapontava. Obcecada pelo processo de demonstração lógica, quando lhe perguntavam porque jamais se casara, respondia que já era casada com a verdade.

O seu fim trágico se desenhou a partir de 412, quando Cirilo foi nomeado Patriarca de Alexandria, título de dignidade eclesiástica, usado em Constantinopla, Jerusalém e Alexandria. Ele era um cristão obstinado, que lutou toda a vida defendendo a ortodoxia da Igreja e combatendo as heresias, sobretudo o Nestorianismo, que negava a Divindade de Jesus Cristo e a Maternidade Divina de Maria.

O reinado de Teodósio I (379-392) marca o auge de um processo de transformação do Cristianismo, que efetivamente se torna a religião oficial do estado. Em 391, atendendo pedido do então Patriarca de Alexandria, Teófilo, ele autorizou a destruição do Templo de Serápis (não confundir com o Museu e a Biblioteca que haviam em Alexandria, que não tinham nenhuma relação física com este Templo), um vasto santuário pagão onde eram oferecidos sacrifícios de sangue, assim como os Levitas cristãos faziam com ovelhas e outros animais, segundo os relatos dos historiadores contemporâneos Sozomeno e Tirânio Rufino.

Embora a legislação de 393 procurasse coibir distúrbios, surtos de violência popular entre cristãos e pagãos tornaram-se cada vez mais frequentes em Alexandria, principalmente após a ascensão de Cirilo ao Patriarcado.


De acordo com o relato de Sócrates, o Escolástico, numa tarde de março de 415, quando regressava do Museu, Hipátia foi atacada em plena rua por uma turba de cristãos enfurecidos. Ela foi golpeada, desnudada e arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja. No interior do templo, foi cruelmente torturada até a morte, tendo o corpo dilacerado por conchas de ostras (ou cacos de cerâmica, segundo outra versão). Depois de morta, o corpo foi lançado a uma fogueira.

Segundo o mesmo historiador, tudo isto aconteceu pouco tempo depois de Orestes, prefeito da cidade, ter ordenado a execução de um monge cristão chamado Amônio, ato que enfureceu o bispo Cirilo e seus correligionários.Devido à influência política que Hipátia exercia sobre o prefeito, é bastante provável que os fiéis de Cirilo a tivessem escolhido como uma espécie de alvo de retaliação para vingar a morte do monge.

Neste período em que a população de Alexandria era conhecida pelo seu caráter extremamente violento, Jorge de Laodicéia e Protério, dois bispos cristãos, sofreram uma morte muito similar à de Hipátia: o primeiro foi atado a um camelo, esquartejado e os seus restos queimados; o segundo arrastado pelas ruas e atirado ao fogo.

Fonte: Wikipedia.

Ivan, o Terrível

Ivan, o Terrível foi o primeiro czar da Rússia, e seu comportamento arbitrário e cruel levou muitos a compara-lo a Vlad o Empalador, o Drácula histórico. Ivan herdou o título do Grão-Duque de Moscovy quando tinha 3 anos de idade e cresceu observando as famílias líderes (os boiardos) de sua terra liderarem os países por um período de caos, à medida em que lutavam entre si por parcelas de poder.

Tinha 17 anos quando um Conselho de Escolha surgiu para efetuar reformas. Embora eles tenham tido sucesso em acabar com o caos, Ivan discutiu continuamente com seus membros sobre uma vasta quantidade de assuntos administrativos.

Em 1564, frustrado, abdicou repentinamente. Quando o povo exigiu seu retorno, pôde ditar os termos de sua reintegração e obter o poder quase absoluto. Movimentou-se rapidamente para estabelecer sua própia elite governamental, a Oprichnina, que retirou grande parte do poder remanescente das mãos do boiardos.

O reinado de duas décadas de Ivan foi marcado, em parte, pela sua conquista das terras ao longo do Rio Volga e por seu movimento para a Sibéria, assim como a desastrosa guerra em que se envolveu quando tentou sem sucesso capturar a Livônia (hoje Estônia).

Ele é mais lembrado, todavia não por suas ações políticas, mas por sua conduta pessoal. No afã de estabelecer, agia rapidamente na punição (e às vezes execução) de muitos que desafiavam seu reinado ou que de alguma forma mostrassem desrespeito pelo que ele considerava seu status engrandecido.

Entre as tendências excepcionais mais lembradas pelos seus conteporâneos, Ivan possuía um senso de humor negro, bem similar ao que fora atríbuido a Vlad. Freqüentemente, esse humor caracterizava as torturas e execuções daqueles que se tornavam o objeto de sua ira.

Conforme assinalou um historiador, S. K. Rosovetskii, muitas das histórias sobre Ivan eram variações daquelas atribuídas a Vlad um século antes. Por exemplo, havia a história folclórica romena sobre os cidadãos moradores da cidade de Tigorviste, a capital de Drácula. Os cidadãos tinham caçoado do irmão de Drácula. Em represália, ele reuniu os principais cidadãos (os boiardos) após as celebrações da Páscoa e, em suas melhores roupas, fez com que marchassem na construção do Castelo de Drácula. Ivan, reporta-se, fez algo parecido na cidade de Volgoda quando as pessoas o viram na manhã da Páscoa. Juntou-as todos ainda em suas melhores roupas de festa e construiu uma nova muralha para a cidade.

Talvez a mais famosa história de Drácula contada a partir de Ivan se referia ao enviado turco que se recusou a tirar seu chapéu na presença de Drácula. Este, em seguida, pregou o chapéu do homem a sua cabeça. Ivan, reporta-se, fez o mesmo com um diplomata italiano (ou, num relato alternativo, com um embaixador francês).

Ivan, como Vlad, muitas vezes se virava contra poderosas figuras da sociedade russa e as humilhava para evitar seu retorno à dignidade de seus cargos. Conta-se a história, por exemplo, de seu ataque sobre Pimen, o representante metropolitano russo-ortodoxo de Novgorod. Despiu-o de suas vestes litúrgicas e vestiu-o de ministrel ambulante (uma ocupação rejeitada pela igreja) e montou um casamento satírico no qual Pimen se casaria com uma égua. Apresentando o despido prelado com os sinais de seu novo status, uma gaita de foles e uma lira, Ivan despachou-o da cidade.

Ivan era diferente de Vlad com relação ao seu apetite sexual, tinha sete esposas e cerca de 50 concubinas. Também deixou os seus sucessores imediatos com uma herança mista. Embora tivesse expandido o território da Rússia, deixou o país na bancarrota e o descontentamento com seu reinado cresceu de forma contínua. Ivan, todavia, morreu de forma pacífica enquanto jogava xadrez, no dia 18 de março de 1584.

Fonte: the fallen angel web.